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Maratona de empreendedorismo ajuda a moldar líderes do futuro

Com os efeitos das mudanças climáticas batendo à porta, é necessário incentivar a atuação dos jovens na resolução de problemas atuais

Fonte: https://www.folhadelondrina.com.br/


Para lidar com a poluição de corpos d’água causada pelo descarte incorreto de esgoto e resíduos industriais, chamada de eutrofização, uma ideia desenvolvida por quatro estudantes de biotecnologia da UEL (Universidade Estadual de Londrina) foi a grande vencedora da segunda edição do Hackathon Greentech.


Giovana Zanella Gusmão, Rebeca Souza Neves, Amanda Lemos e Maryane Ayumi Kosugue desenvolveram a ideia de uma esfera feita de bagaço de cana-de-açúcar com a presença de microrganismos capazes de capturar o excesso de nutrientes de rios e lagos ao passo em que também produzem oxigênio, controlando o processo de eutrofização de forma limpa. Na sequência, as esferas ricas podem ser utilizadas como biofertilizantes. “O nosso produto soluciona o excesso de resíduos de cana-de-açúcar, a poluição dos rios e lagos, além de gerar biofertilizantes, evitando assim o uso de químicos fortes e prejudiciais ao meio ambiente”, explicam.


As jovens encaram a vitória como uma surpresa, mas garantem que o resultado positivo é fruto de muito esforço e persistência. “O trabalho em equipe proporciona momentos e conquistas incríveis, além de ensinar que uma ideia pode se tornar de fato um produto, uma solução, quando bem trabalhada e com as pessoas certas”, afirma.


Levando para casa o prêmio de R$ 8 mil e uma bagagem de conhecimento, as estudantes adiantam que o objetivo, a partir de agora, é poder oferecer um tratamento correto e eficaz da água. “Esperamos que nosso projeto possa ser bem trabalhado e alcance seu objetivo e, para isso, precisamos começar a testá-lo através de uma possível parceria com instituições que possuam os laboratórios e recursos necessários para a produção das nossas esferas”, contam.


Greentech


Marcos Rodrigues, presidente da Anpea (Associação Norte Paranaense dos Engenheiros Ambientais), organizadora do Hackathon Greentech, explica que a maratona é de empreendedorismo, mas voltada a debater ideias e soluções para problemas ambientais. O evento teve como foco despertar o interesse de estudantes e jovens recém formados a empreender, tendo como pilar a sustentabilidade. Agora, as vencedoras da maratona vão poder participar por seis meses do Programa de Incubação da Construhub, vinculada ao Sinduscon Norte (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Norte do Paraná) para que a ideia possa ser desenvolvida e colocada em prática.

Marcos Rodrigues, presidente da Anpea, explica que o evento é de empreendedorismo, 
mas voltado a debater ideias e soluções  ambientais

Marcos Rodrigues, presidente da Anpea, explica que o evento é de empreendedorismo, mas voltado a debater ideias e soluções ambientais | Foto: Jéssica Sabbadini


Durante os três dias de evento, entre 24 e 26 de maio, alguns convidados apresentaram assuntos atuais, tanto em nível global quanto local, em relação às temáticas de água e saneamento, energia limpa, cidades e comunidades sustentáveis e de mudanças climáticas. “A gente mostrou o problema e mostrou alguns tipos de soluções para que eles pudessem desenvolver as ideias deles tendo algum tipo de inspiração”, explica.


Dentre os principais problemas enfrentados pelo Brasil, o engenheiro ambiental cita o saneamento básico, já que 46% da população ainda não tem acesso ao tratamento de esgoto, assim como as mudanças climáticas. Até 2033, a meta é chegar até 90% da população com acesso ao saneamento e 100% com garantia de água, mas, segundo ele, o caminho ainda é longo. “Por isso eventos como esse são importantes. O pessoal que está aqui é o que daqui a alguns anos vai estar no mercado de trabalho”, aponta.


Sobre as mudanças climáticas, Rodrigues é enfático ao dizer que não há como voltar atrás e que é necessário parar a emissão de dióxido de carbono na atmosfera na tentativa de reduzir as catástrofes ambientais que estão cada vez mais recorrentes. “A gente tem que começar a entender que agora nós temos que nos adaptar à natureza e ao que está acontecendo”, aponta.


Com 15 grupos multidisciplinares, a ideia foi reunir jovens com diferentes áreas de atuação e conhecimentos para que cada um pudesse contribuir com a criação e desenvolvimento da ideia. “A sustentabilidade pode se encaixar em qualquer contexto”, afirma. Marcos Rodrigues garante que o desejo é de que cada ideia seja o pontapé inicial para o desenvolvimento de um negócio, mas que a conscientização e todo o trabalho feito durante o evento já vale a pena. “A gente está moldando futuros líderes”, ressalta.

Networking


Pela segunda vez no Hackathon Greentech, Ane Louise Dionízio Mendes, estudante do oitavo período de engenharia ambiental e sanitária no campus de Londrina da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), explica que o networking é um dos pontos mais positivos do evento. Segundo ela, é possível fazer contatos com o Crea-PR (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná), Anpea (Associação Norte Paranaense dos Engenheiros Ambientais), Mútua-PR (Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea) e Itaipu Binacional. “A questão de você trabalhar em grupo e poder ter esses contatos com pessoas que trabalham na nossa área é muito enriquecedor, não só para a área profissional como para a pessoal também”, opina.

Ane Louise Dionízio Mendes

Ane Louise Dionízio Mendes | Foto: Divulgação


A estudante lamenta o fato de que muitas pessoas ainda insistem em negar que a mudança climática é uma realidade, mas reforça que eventos como o Hackathon Greentech auxiliam para que as informações e os conhecimentos possam alcançar mais pessoas. “A gente espera que esses desastres aconteçam para tomar uma atitude, mas a gente tem que agir antes disso, a gente não pode esperar acontecer para tomar uma atitude. Eu acho que um hackathon faz com que a gente tenha essas ideias antes que o problema aconteça, que sejam medidas preventivas”, afirma.

Hora de agir

Márcia Alves de Araújo

Márcia Alves de Araújo | Foto: Divulgação


Também cursando engenharia ambiental e sanitária na UTFPR de Londrina, Márcia Alves de Araújo, 30, explica que as recentes catástrofes ambientais e climáticas mostram que hora de agir está passando. “Todo mundo que está aqui sentado está propondo uma solução para problemas que já estão acontecendo”, aponta. Além disso, segundo ela, o hackathon é uma forma de colocar em prática ideias e soluções, fazendo com que elas saiam do papel e ganhem forma.


Ceal e Sinduscon Norte abrem as portas para o debate de soluções para problemas ambientais


Entidades comemoram o trabalho desenvolvido por jovens, que serãos os próximos a encabeçar empresas ou negócios próprios


Mais atual do que nunca, debater sobre os rumos que a sociedade vem tomando frente aos desastres ambientais desencadeados por ações humanas é uma forma de fomentar a participação de todos os agentes em uma luta que precisa começar já. Reunindo jovens estudantes e recém-formados, o Hackathon Greentech incentiva que as cabeças possam pensar juntas em prol de um bem coletivo.

Murillo Braghin, engenheiro civil e head de Inovação do Sinduscon Norte

Murillo Braghin, engenheiro civil e head de Inovação do Sinduscon Norte | Foto: Divulgação


Entre os dias 24 e 26 de maio, o Sinduscon Norte (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Norte do Paraná) e o Ceal (Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina) abriram as portas pelo segundo ano consecutivo para que 75 maratonistas pudessem colocar em prática ideias voltadas às mudanças climáticas, energia limpa, água e saneamento e cidades sustentáveis. Para o engenheiro civil e head de Inovação do Sinduscon Norte, Murillo Braghin, colocar jovens para debater problemas atuais é uma forma de incentivar o surgimento de empreendimentos que podem trazer soluções para todas demandas urgentes.


Com a maioria dos participantes com idades entre 18 e 22 anos, ele garante que são esses jovens que vão estar encabeçando as empresas e startups em um futuro próximo. “A gente ensina essa galera a abrir uma empresa já pensando no impacto que ela vai ter no futuro e não apenas sobre o meio ambiente, mas sobre o ser humano também”, aponta. Antes, as empresas tinham como único objetivo gerar lucro; hoje, os clientes estão preocupados com a pegada ambiental, com igualdade de gênero e com a utilização de energia limpa: “é o que a gente quer daqui para frente”.


Para ele, um dos pilares mais importantes é que os jovens já chegam com a percepção dos problemas ambientais e das consequências das mudanças climáticas. Aliado à vontade de mudar, as ideias são transformadas em soluções práticas. “A gente está aqui para pegar na mão deles e ensinar os caminhos do empreendedorismo porque ninguém nasce sabendo empreender, ninguém nasce sabendo o que é inovação, então a gente ensina aqui dentro”, reforça.


Como a união faz a força, Braghin ressalta que colocar os jovens para pensarem juntos também faz a diferença, já que uma competição saudável e amigável é o que colabora para que muitas ideias e ações saiam do papel. Além disso, por estarem na graduação ou serem recém-formados, a experiência transmitida pelos mentores aliada com o conhecimento prático obtido durante a maratona é um diferencial na hora de entrar no mundo do empreendedorismo ou do mercado de trabalho.


Inteligência


Presidente do Ceal, Brazil Versoza aponta que é incrível ver a evolução dos maratonistas ao final do evento, que, mesmo cansados, saem motivados e com o sentimento de que podem chegar longe. Para ele, o Hackathon Greentech é um começo para muitos dos participantes, que se despertam para o problema e, com isso, desenvolvem ideias que podem ser a chave para resolver questões atuais e do futuro.

Brazil Versoza, presidente do Ceal

Brazil Versoza, presidente do Ceal | Foto: Divulgação


Versoza reforça que é melhor acreditar que as mudanças climáticas são uma ameaça e agir a partir disso do que continuar tratando o planeta da forma que ele é tratado hoje. “Se nós não fizermos nada, nós vamos deixar um planeta muito ruim para os nossos filhos”, reforça. Para ele, é necessário desenvolver soluções que permitam um crescimento sustentável das sociedades: “nós temos inteligência suficiente para isso e temos recursos disponíveis na mão”. A partir de agora, a solução é parar de negar, assumir que as mudanças climáticas já são uma realidade e utilizar de toda essa inteligência para moldar o futuro.


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